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Como Bertha Lutz Garantiu o Voto para as Mulheres Brasileiras

Descubra como Bertha Lutz, uma das principais sufragistas brasileiras, lutou pelo direito ao voto das mulheres no Brasil, e como sua carreira como uma das pioneiras cientistas brasileiras influenciou sua trajetória de ativismo e conquistas históricas.

O direito ao voto para as mulheres brasileiras foi uma conquista monumental que teve como protagonista Bertha Lutz, uma das principais sufragistas brasileiras. O caminho até essa vitória foi longo e desafiador, mas com a persistência de Lutz e suas companheiras, as mulheres no Brasil finalmente garantiram o direito de participar ativamente na política.

Neste artigo, vamos explorar quem foi Bertha Lutz, sua luta pelo voto feminino e o impacto duradouro dessa conquista, além de destacar sua influência como uma das mais importantes cientistas brasileiras.

Bertha Lutz sentada no jardim.
Bertha Lutz
Fonte:Wikimedia 

Quem Foi Bertha Lutz?

Bertha Lutz nasceu em 1894, filha de Adolfo Lutz, um renomado cientista suíço que se estabeleceu no Brasil. Desde cedo, Bertha foi influenciada pelo ambiente intelectual e progressista de sua família. Educada na Europa, formou-se em Biologia pela Universidade de Sorbonne, em Paris, tornando-se uma das primeiras cientistas brasileiras a ganhar destaque. Porém, foi ao retornar ao Brasil que Bertha Lutz encontrou seu verdadeiro propósito: lutar pelos direitos das mulheres.

Uma Cientista que se Tornou Ativista

Antes de se envolver diretamente no movimento feminista, Lutz dedicou-se à ciência, ingressando no Museu Nacional do Rio de Janeiro em 1919 como naturalista. Sua paixão pela biologia a levou a estudar a fauna e flora brasileiras, tornando-se uma referência em sua área.

No entanto, a ausência das mulheres em espaços de poder e decisão começou a incomodá-la. Como muitas cientistas brasileiras, Lutz enfrentava barreiras não apenas por ser mulher, mas também pelo fato de sua profissão ser tradicionalmente dominada por homens. Essa desigualdade a motivou a agir.

O Movimento das Sufragistas Brasileiras

O Cenário Político no Brasil do Início do Século 20

Na virada do século 20, o Brasil ainda era um país com uma estrutura política altamente conservadora. Mulheres não tinham o direito ao voto, não podiam ocupar cargos públicos e sua participação no mercado de trabalho era limitada a poucas profissões, como professoras ou enfermeiras.

Em outros países, o movimento sufragista já estava em plena atividade, com mulheres como Emmeline Pankhurst na Inglaterra e as sufragistas americanas lutando por igualdade. Esse cenário global inspirou as primeiras sufragistas brasileiras, como Bertha Lutz, a começar uma campanha similar no Brasil.

A Fundação da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino

Em 1922, Bertha Lutz fundou a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF), que se tornou a principal organização de luta pelos direitos das mulheres no Brasil. A FBPF defendia não apenas o voto feminino, mas também o acesso das mulheres à educação, ao mercado de trabalho e à política. Foi a partir desse movimento que Bertha Lutz se destacou como uma das principais lideranças do movimento sufragista no país.

A federação era uma plataforma poderosa, organizando eventos, congressos e promovendo campanhas públicas para chamar a atenção para as causas femininas. Lutz e outras mulheres enfrentavam forte resistência, não apenas de políticos, mas também de uma sociedade que ainda via o papel das mulheres restrito ao ambiente doméstico.

As Primeiras Vitórias do Movimento Sufragista

O caminho para o voto feminino foi tortuoso. Inicialmente, as sufragistas brasileiras enfrentavam desafios ao mobilizar a opinião pública, pois a maioria da população via o voto como algo que dizia respeito exclusivamente aos homens. Porém, aos poucos, as mulheres começaram a ganhar espaço em discussões públicas, apoiadas por figuras influentes e por campanhas que traziam à tona a importância do direito ao voto para as mulheres.

Um exemplo disso foi a atuação de Lutz no Congresso Pan-Americano de Mulheres, em 1922, onde ela representou o Brasil e estabeleceu contato com lideranças feministas de outros países. Esse intercâmbio de ideias fortaleceu o movimento brasileiro e trouxe novas estratégias para a luta pelo sufrágio.

Bertha Lutz na IX Assembleia da Comissão Interamericana de Mulheres
Bertha Lutz na IX Assembleia da Comissão Interamericana de Mulheres

A Luta Pelo Voto Feminino

Estratégias para Conquistar o Voto

As sufragistas brasileiras, lideradas por Bertha Lutz, usaram diversas estratégias para pressionar o governo e a sociedade. Um dos pontos mais importantes foi a utilização da imprensa para divulgar suas ideias. Lutz e suas colegas publicavam artigos e davam entrevistas em jornais, defendendo o voto feminino como um passo fundamental para a modernização do Brasil.

Elas também organizaram conferências e debates, tentando atrair tanto mulheres quanto homens para a causa. Um dos argumentos mais utilizados era que, ao permitir o voto das mulheres, o Brasil estaria se alinhando com os países mais avançados do mundo.

Esse discurso de modernização foi essencial para convencer alguns setores da sociedade a apoiar o movimento. Além disso, Lutz estabeleceu contato com políticos progressistas que viam o voto feminino como uma maneira de reforçar a democracia no país.

Resistência e Obstáculos

Embora as sufragistas brasileiras tenham feito avanços significativos, a resistência era forte. Muitos políticos e membros da elite acreditavam que as mulheres não eram intelectualmente capacitadas para participar da política. As mulheres eram vistas como emocionalmente instáveis e incapazes de tomar decisões racionais sobre questões de estado. Esse tipo de argumento era comum tanto no Brasil quanto em outros países que resistiram ao sufrágio feminino.

Lutz, no entanto, não se deixou abater por esses obstáculos. Ela continuou sua luta, mobilizando outras mulheres, tanto de classes altas quanto trabalhadoras, para se unirem ao movimento. Ela também encontrou apoio em figuras masculinas progressistas, que começaram a enxergar o voto feminino como uma questão de justiça social.

A Conquista do Voto em 1932

A Constituição de 1932 e a Inclusão do Voto Feminino

Em 1932, finalmente veio a grande vitória: o novo Código Eleitoral Brasileiro incluiu o direito ao voto para as mulheres. Foi uma conquista histórica para as sufragistas brasileiras e o resultado direto de anos de luta e dedicação. O papel de Bertha Lutz foi crucial, tanto nos bastidores, articulando com políticos, quanto nas ruas, liderando manifestações e campanhas públicas.

Essa conquista, porém, não foi total. Inicialmente, apenas mulheres casadas com autorização dos maridos, viúvas e solteiras com renda própria podiam votar. Foi apenas em 1934, com a nova Constituição, que o direito ao voto se tornou universal para todas as mulheres brasileiras.

A Primeira Eleição com Voto Feminino

A primeira eleição em que as mulheres brasileiras puderam votar foi a de 1933, para a Assembleia Constituinte. Embora o número de mulheres votantes ainda fosse pequeno, devido às restrições iniciais, foi um momento marcante na história política do país. Bertha Lutz, inclusive, candidatou-se a uma cadeira, embora não tenha sido eleita. No entanto, seu nome ficou marcado como uma das figuras mais influentes desse processo.

O Legado de Bertha Lutz

O Impacto da Conquista do Voto Feminino

O impacto do voto feminino no Brasil foi profundo. A participação das mulheres na política cresceu ao longo dos anos, e essa conquista abriu portas para muitas outras lutas por direitos igualitários. Bertha Lutz continuou sua atuação como ativista, lutando por questões como igualdade no mercado de trabalho e educação.

Graças ao trabalho de Lutz e das sufragistas brasileiras, as mulheres passaram a ter voz ativa na sociedade e na política. Hoje, o Brasil conta com diversas mulheres ocupando cargos de destaque no governo e no setor privado, algo impensável no início do século 20.

Bertha Lutz e o Feminismo Contemporâneo

O legado de Bertha Lutz vai além da conquista do voto. Ela é um símbolo da resistência e da luta pelas causas femininas, não apenas no Brasil, mas em toda a América Latina. Suas ideias e estratégias continuam a inspirar as novas gerações de ativistas feministas. Seu trabalho como uma das cientistas brasileiras de maior destaque também reforça a importância da participação feminina em todas as áreas da sociedade, incluindo a ciência.

Feminismo, ciência e política – o legado de Bertha Lutz

O Papel das Cientistas Brasileiras na Luta pelos Direitos das Mulheres

Além de Lutz, muitas outras cientistas brasileiras têm desempenhado papéis importantes na luta por igualdade de gênero. A ciência, assim como a política, sempre foi um campo dominado por homens, e a presença de mulheres como Bertha Lutz ajudou a pavimentar o caminho para que outras mulheres também pudessem se destacar.

Nos dias de hoje, a contribuição das cientistas brasileiras para o desenvolvimento do país é inegável. Elas atuam em áreas como saúde, tecnologia e meio ambiente, influenciando políticas públicas e promovendo mudanças sociais significativas.

Bertha Lutz foi uma verdadeira pioneira. Sua luta pelo voto feminino transformou a política brasileira e abriu portas para muitas outras conquistas das mulheres. Como uma das principais sufragista brasileira e cientista, seu legado é um exemplo poderoso de como a determinação e a coragem podem mudar o curso da história.

A trajetória de Lutz é uma inspiração, não apenas para mulheres, mas para todos que acreditam na igualdade e na justiça social. Hoje, é importante reconhecer seu papel fundamental e continuar avançando nas lutas por igualdade de gênero em todas as esferas da sociedade.

Referencias

  1. Portal Brasil Escola
    Artigo sobre Bertha Lutz e o movimento sufragista no Brasil.
    Disponível em: Brasil Escola
  2. LIMA, Nísia Trindade. Um Sertão Chamado Brasil: Intelectuais e Representações Geográficas (1900-1940). Ed. Revan, 1999.
  3. PRIORE, Mary Del. História das Mulheres no Brasil. Ed. Contexto, 2014.
  4. ROCHA, Cacilda Teixeira da. Bertha Lutz e a Luta Pelos Direitos das Mulheres no Brasil. Ed. Unesp, 2009.


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